Abri meus olhos e ali estava. Dentro de uma nave espacial.
Não havia ninguém além de mim.
Uma penumbra, quebrada apenas por um painel luminoso que ficava a frente da cadeira do piloto. Nada mais.
Ao sentar na cadeira, notei que uma canção começou a tocar suavemente, tal como uma trilha sonora. Era “Stairway to Heaven” do Led Zeppelin.
Como era bonita a Terra olhada dali. Uma visão panorâmica sem igual. E aquela linda melodia embalava milhares de pensamentos.
Não havia mais dinheiro, não haviam mais guerras, não havia discórdia, não havia mais nada. Não haviam mais seres humanos. Eu parecia ser o último.
E aquela imensidão sem fim do universo me despertava vontade de gritar por Deus. Assim fiz. Com toda minha força gritei, mesmo sabendo (conforme o ensino humano) que o som não se propagava no espaço.
Deus não me atendeu. Acho que entendi então o porquê do som não se propagar. Deus não queria dores de cabeças. Afinal, de americanos, russos e até brasileiro (quem diria) não seriam poucos os pedidos... “Por favor, me mostre onde o Bin Laden está escondido”, “Eu queria uma vodka agora” e “Ajude-nos a ganhar a copa de 2014, por favor”.
Mas voltando a questão. Era um grande sentimento de solidão.
Como a humanidade pôde chegar a esse ponto? Deus não quis mais saber de tantas injustiças e falta de inteligência dos seres que se diziam “racionais”. Resolveu por um fim em quase tudo e deixou a Terra lá, sozinha com seus animais “irracionais” para tentar restabelecer a harmonia e não deixar uma obra ser destruída.
E agora, como será? E se Ele resolve acabar com o planeta de uma vez? E se não quiser criar um novo?
O que mais fará sentido?
De que adiantam todas aquelas teorias e estudos? De que adianta a religião nesse momento? Não vai mais existir vida após a morte. Não existe mais reencarnação. Não existe mais herança. Não existem mais histórias. Não existe mais o amor.
O que será de mim? Estou aqui no meio dessa imensidão. Olhei para o medidor do combustível e ele está numa posição com reticências... parece infinito.
Só me resta olhar...
E olhar...
E olhar...
Perdido...
JUNIOR