Bom, o que vou relatar aqui não é nenhuma novidade.
Quando falamos de serviços públicos no Brasil, realmente o assunto parece ser mais do que prolixo. E triste.
O fato é que dessa vez eu senti na pele (e não foi naquele programa de tevê que procura ganhar audiência relatando essas tristezas, não). Decidi fazer uso do sistema público de saúde para saber como funcionava na realidade aquele serviço que todos nós, cidadãos, pagamos através de nossos impostos.
Iniciei essa minha experiência com dois fatores relevantes e favoráveis. Primeiramente, o fato de ser ano eleitoral. Estamos praticamente nas vésperas das eleições municipais em todo país, e como todo mundo sabe nessas épocas tudo funciona em plena harmonia – pelo menos é o que se espera. Segundo, por conhecer uma pessoa que trabalha no mencionado sistema e juntamente dela, começar a “jornada”.
Agora, some esses dois fatores e entenda o porquê de ter mencionado o termo politicagem.
Responda-me: como uma prefeitura pode ter em seu quadro de funcionários, um percentual tão elevado de analfabetos? Infelizmente essa realidade reflete outra verdade degradante que é o analfabetismo e a péssima formação educacional de um povo dependente da rede pública de ensino. E só para fecharmos o raciocínio, informo-lhes que esse meu “conhecido” não possui nem o ensino médio concluído, mas ainda assim ocupa um cargo de confiança: a chefia de um setor (que por questões éticas não vou revelar) do hospital municípal.
Nada contra a pessoa dele. Por sinal, uma pessoa muito prestativa que está apenas, pode-se dizer, “fazendo seu trabalho”. Mas jamais poderia deixar de condenar essa prática que na prática (isso mesmo, para ser bem redundante e relevante) retira a chance de pessoas especializadas que depositaram anos e anos de estudos, na esperança de um dia ocupar um cargo público e consequentemente prestar um serviço de maior qualidade à população. Pensei comigo mesmo: essa situação está agora em minhas retinas pelo fator de conhecer uma “peça” que nesse momento está compondo o sistema. Anteriormente, o sistema sempre funcionava desta forma. O que muda de uma eleição a outra, de uma administração a outra, são somente as “peças”. Esse é o sistema.
Inicialmente me senti sujo. Não porque estava me utilizando dos serviços públicos (afinal de contas, como já dito anteriormente, todos nós cidadãos fazemos jus aos mesmos – quando pagamos pelos serviços particulares, estamos pagando duas vezes), mas sim pelo fato de estar, de certa forma, burlando, sendo desonesto e antiético.
Vou explicar.
O fato é que estou com um “cisto sinovial” no meu punho esquerdo. Trata-se de um acúmulo do líquido que lubrifica as articulações, formando uma espécie de “bolinha” ou "caroço", como queira. Nada muito sério, tampouco doloroso. Mais para o lado estético do que clínico, na minha leiga visão. Mas não importa. A verdade é que se trata de algo clínico sim, que futuramente pode vir a causar algum tipo de lesão maior. Para os mais curiosos, digitem a palavra no “google” e saberão do que estou falando.
Quando disse que me sentia como um fraudolento, foi porque funcionava mais ou menos assim: eu chegava junto com a pessoa do sistema e pedia para me consultar. O funcionário então me cadastrava e me entregava um número. O local já estava lotado de pessoas – que no mínimo estavam desde muito cedo nas filas ou então estavam retornando após um espaço longínquo de tempo desde a última marcação da consulta. Mas após a identificação dessa pessoa do sistema, o funcionário tratava de arrumar um “jeitinho” de me encaixar num número mais próximo ou então fazia uma ligação e eu ia DIRETO para ocupar o lugar de próximo na fila de atendimento. Me doeu o coração. Mas eu precisava ir até o final com essa triste experiência conclusiva.
Me consultei. Não durou nem dois minutos. O médico só anotou meus dados e perguntou o que tinha. Olhou e falou que aquilo “não era com ele”, mas sim caso de ortopedia e então me encaminhou para aquela especialidade. Especialidade essa, que descobri quando fui solicitar a nova marcação, após a consulta "expressa", não mais ser atendida naquele hospital e somente num outro totalmente distante que conforme informações da própria atendente, estava sobrecarregado de marcações, sendo essas efetuadas como pagamento de prestações nas Casas Bahia: à perder de vista.
Eis que novamente entra em cena quem? Adivinhem.
Sim, ele: o famigerado “Qi” (quem indica), membro honorário de todas as repartições públicas de nosso país e já aposentado Ser dos cérebros de quem ocupa as cadeiras que nossos impostos sustentam (abro aqui um parêntese para reconhecer sim, a inteligência desses seres, porém única e exclusivamente usada em benefícios próprios).
Então, entre uma ligação e outra a consulta foi marcada. Porém, dessa vez, para uma semana depois. Imaginem só como não estava realmente crítica a situação, ao ponto de que até mesmo para os “dotados de privilégios” era necessário esperar.
Uma semana depois, no local de difícil acesso - única unidade do município a atender a especialidade de ortopedia - e horário marcado, lá estava eu.
Nesse dia fui sozinho e então aguardei algumas pessoas que estavam com números na minha frente (foi menos doloroso para minha consciência) para ser atendido.
Enquanto aguardava, mais uma conclusão: os médicos da rede pública são muito bons ou fazem curso com aquele personagem dos quadrinhos, o “The Flash”. Em menos de dez minutos vi três pessoas na minha frente serem atendidas. Sabia que coisa boa não poderia esperar. E assim foi.
Quando entrei, logo após o "bom dia" que dei ao médico, começou o procedimento padrão de anotar os dados – essa era a parte que mais demorava na consulta. Quando ele me perguntou "o que você tem?”, mostrei-lhe meu punho dizendo que havido sido encaminhado a ele por um clínico que afirmava ser um cisto sinovial. Perguntou-me se doía. Foi aí que constatei outra máxima do sistema público de saúde e ao mesmo tempo, meu maior “erro”. Disse-lhe que não. Automaticamente a cara dele pareceu me questionar: então o que você está fazendo aqui? Foi quando ele afirmou que não era nada sério não e que essas “coisas” normalmente, “com o tempo” estouravam naturalmente e então tudo voltava ao normal. Ou seja, em outras palavras ele quis me dizer que meu caso não era nada que pudesse me matar, portanto não teria o “direito” ou necessidade de me tratar, a não ser que estivesse ali, sem os movimentos da mão ou gritando de dor. Essa era a verdade.
Só para não dizer literalmente para mim tudo o que seu olhar desejava (e creio, por notar que eu não era um total leigo, pois questionei se realmente seria de fato aquilo), por fim ele me entregou a solicitação de um raio-x para ver melhor do que se tratava.
Raio-x esse, que eu já havia tirado antecipadamente (no mesmo dia da primeira consulta, já prevendo que seria solicitado futuramente) com a “ajuda” do já conhecido funcionário e que a técnica ao término do mesmo, me mostrou, apontando e explicando que nada relativo aos movimentos da mão havia sido afetado, que era caso de uma pequena cirurgia para a retirada do mesmo. A boa vontade dela (somada ao interesse de atender bem quem era conhecido do influente funcionário, braço direito da prefeita) me deu um laudo simples, porém coerente.
Resumo da ópera: encerrei naquele consultório minha jornada pelo mar das sujas e degradantes politicagens que assolam os serviços públicos brasileiros (nesse caso, a saúde) e não consegui resolver o meu problema clínico.
Quando falamos de serviços públicos no Brasil, realmente o assunto parece ser mais do que prolixo. E triste.
O fato é que dessa vez eu senti na pele (e não foi naquele programa de tevê que procura ganhar audiência relatando essas tristezas, não). Decidi fazer uso do sistema público de saúde para saber como funcionava na realidade aquele serviço que todos nós, cidadãos, pagamos através de nossos impostos.
Iniciei essa minha experiência com dois fatores relevantes e favoráveis. Primeiramente, o fato de ser ano eleitoral. Estamos praticamente nas vésperas das eleições municipais em todo país, e como todo mundo sabe nessas épocas tudo funciona em plena harmonia – pelo menos é o que se espera. Segundo, por conhecer uma pessoa que trabalha no mencionado sistema e juntamente dela, começar a “jornada”.
Agora, some esses dois fatores e entenda o porquê de ter mencionado o termo politicagem.
Responda-me: como uma prefeitura pode ter em seu quadro de funcionários, um percentual tão elevado de analfabetos? Infelizmente essa realidade reflete outra verdade degradante que é o analfabetismo e a péssima formação educacional de um povo dependente da rede pública de ensino. E só para fecharmos o raciocínio, informo-lhes que esse meu “conhecido” não possui nem o ensino médio concluído, mas ainda assim ocupa um cargo de confiança: a chefia de um setor (que por questões éticas não vou revelar) do hospital municípal.
Nada contra a pessoa dele. Por sinal, uma pessoa muito prestativa que está apenas, pode-se dizer, “fazendo seu trabalho”. Mas jamais poderia deixar de condenar essa prática que na prática (isso mesmo, para ser bem redundante e relevante) retira a chance de pessoas especializadas que depositaram anos e anos de estudos, na esperança de um dia ocupar um cargo público e consequentemente prestar um serviço de maior qualidade à população. Pensei comigo mesmo: essa situação está agora em minhas retinas pelo fator de conhecer uma “peça” que nesse momento está compondo o sistema. Anteriormente, o sistema sempre funcionava desta forma. O que muda de uma eleição a outra, de uma administração a outra, são somente as “peças”. Esse é o sistema.
Inicialmente me senti sujo. Não porque estava me utilizando dos serviços públicos (afinal de contas, como já dito anteriormente, todos nós cidadãos fazemos jus aos mesmos – quando pagamos pelos serviços particulares, estamos pagando duas vezes), mas sim pelo fato de estar, de certa forma, burlando, sendo desonesto e antiético.
Vou explicar.
O fato é que estou com um “cisto sinovial” no meu punho esquerdo. Trata-se de um acúmulo do líquido que lubrifica as articulações, formando uma espécie de “bolinha” ou "caroço", como queira. Nada muito sério, tampouco doloroso. Mais para o lado estético do que clínico, na minha leiga visão. Mas não importa. A verdade é que se trata de algo clínico sim, que futuramente pode vir a causar algum tipo de lesão maior. Para os mais curiosos, digitem a palavra no “google” e saberão do que estou falando.
Quando disse que me sentia como um fraudolento, foi porque funcionava mais ou menos assim: eu chegava junto com a pessoa do sistema e pedia para me consultar. O funcionário então me cadastrava e me entregava um número. O local já estava lotado de pessoas – que no mínimo estavam desde muito cedo nas filas ou então estavam retornando após um espaço longínquo de tempo desde a última marcação da consulta. Mas após a identificação dessa pessoa do sistema, o funcionário tratava de arrumar um “jeitinho” de me encaixar num número mais próximo ou então fazia uma ligação e eu ia DIRETO para ocupar o lugar de próximo na fila de atendimento. Me doeu o coração. Mas eu precisava ir até o final com essa triste experiência conclusiva.
Me consultei. Não durou nem dois minutos. O médico só anotou meus dados e perguntou o que tinha. Olhou e falou que aquilo “não era com ele”, mas sim caso de ortopedia e então me encaminhou para aquela especialidade. Especialidade essa, que descobri quando fui solicitar a nova marcação, após a consulta "expressa", não mais ser atendida naquele hospital e somente num outro totalmente distante que conforme informações da própria atendente, estava sobrecarregado de marcações, sendo essas efetuadas como pagamento de prestações nas Casas Bahia: à perder de vista.
Eis que novamente entra em cena quem? Adivinhem.
Sim, ele: o famigerado “Qi” (quem indica), membro honorário de todas as repartições públicas de nosso país e já aposentado Ser dos cérebros de quem ocupa as cadeiras que nossos impostos sustentam (abro aqui um parêntese para reconhecer sim, a inteligência desses seres, porém única e exclusivamente usada em benefícios próprios).
Então, entre uma ligação e outra a consulta foi marcada. Porém, dessa vez, para uma semana depois. Imaginem só como não estava realmente crítica a situação, ao ponto de que até mesmo para os “dotados de privilégios” era necessário esperar.
Uma semana depois, no local de difícil acesso - única unidade do município a atender a especialidade de ortopedia - e horário marcado, lá estava eu.
Nesse dia fui sozinho e então aguardei algumas pessoas que estavam com números na minha frente (foi menos doloroso para minha consciência) para ser atendido.
Enquanto aguardava, mais uma conclusão: os médicos da rede pública são muito bons ou fazem curso com aquele personagem dos quadrinhos, o “The Flash”. Em menos de dez minutos vi três pessoas na minha frente serem atendidas. Sabia que coisa boa não poderia esperar. E assim foi.
Quando entrei, logo após o "bom dia" que dei ao médico, começou o procedimento padrão de anotar os dados – essa era a parte que mais demorava na consulta. Quando ele me perguntou "o que você tem?”, mostrei-lhe meu punho dizendo que havido sido encaminhado a ele por um clínico que afirmava ser um cisto sinovial. Perguntou-me se doía. Foi aí que constatei outra máxima do sistema público de saúde e ao mesmo tempo, meu maior “erro”. Disse-lhe que não. Automaticamente a cara dele pareceu me questionar: então o que você está fazendo aqui? Foi quando ele afirmou que não era nada sério não e que essas “coisas” normalmente, “com o tempo” estouravam naturalmente e então tudo voltava ao normal. Ou seja, em outras palavras ele quis me dizer que meu caso não era nada que pudesse me matar, portanto não teria o “direito” ou necessidade de me tratar, a não ser que estivesse ali, sem os movimentos da mão ou gritando de dor. Essa era a verdade.
Só para não dizer literalmente para mim tudo o que seu olhar desejava (e creio, por notar que eu não era um total leigo, pois questionei se realmente seria de fato aquilo), por fim ele me entregou a solicitação de um raio-x para ver melhor do que se tratava.
Raio-x esse, que eu já havia tirado antecipadamente (no mesmo dia da primeira consulta, já prevendo que seria solicitado futuramente) com a “ajuda” do já conhecido funcionário e que a técnica ao término do mesmo, me mostrou, apontando e explicando que nada relativo aos movimentos da mão havia sido afetado, que era caso de uma pequena cirurgia para a retirada do mesmo. A boa vontade dela (somada ao interesse de atender bem quem era conhecido do influente funcionário, braço direito da prefeita) me deu um laudo simples, porém coerente.
Resumo da ópera: encerrei naquele consultório minha jornada pelo mar das sujas e degradantes politicagens que assolam os serviços públicos brasileiros (nesse caso, a saúde) e não consegui resolver o meu problema clínico.
O que farei?
Pegarei o raio-x e vou procurar a rede de serviços privados para conseguir ser atendido. Afinal de contas, lá estou pagando.
Mas agora lhe pergunto: e na rede pública, eu também não estou pagando?
Pois é... O Brasil e seus paradigmas paradoxais.
Pegarei o raio-x e vou procurar a rede de serviços privados para conseguir ser atendido. Afinal de contas, lá estou pagando.
Mas agora lhe pergunto: e na rede pública, eu também não estou pagando?
Pois é... O Brasil e seus paradigmas paradoxais.
Os “pequenos grandes” detalhes que observei durante essa experiência deixei para relatar agora no final. Pois é impossível não se indignar com toda a situação a qual são submetidas todas as pessoas que não possuem condições alternativas ao péssimo e desumano sistema de saúde pública.
Posso dizer que essa situação ocorre em todo o Rio e Brasil de forma geral. Só que numa escala muitíssima pior. Eu só estive na mais fina camada de toda imunda e asquerosa sujeira.
Imagine os casos de desvios de verbas públicas destinadas à saúde, compra de remédios, equipamentos e manutenção dos mesmos, pagamentos e contratação de novos médicos, etc. É desumano.
E sinceramente, quem desejaria estudar no mínimo sete anos, investir numa formação caríssima e muito disputada nas universidades públicas, se especializar e ao final de todos os esforços, receber em média R$ 1.200 mensais (sim, esse é o salário médio de um médico do SUS)?
Nossos representantes ainda fazem discursos hipócritas de que a saúde no Brasil está evoluindo e que cada vez mais o governo trabalha para melhorar. Discutem o aumento da arrecadação de impostos para a saúde, dizendo que sem esses, será impossível manter a saúde com a qualidade necessária.
Num país que divide a ponta do ranking de arrecadação tributária com países de primeiro mundo, numa nação onde se trabalha em média cinco meses do ano só para pagar impostos, é inadmissível ouvirmos certas abobrinhas.
Eu tinha de ser miserável para estar ali? Eu tinha de sofrer tanto para me enquadrar no perfil de usuário daquele sistema? As pessoas realmente tinham que reverenciar o atendimento como uma conquista ou como um verdadeiro favor, digno de lágrimas, quando este era alcançado?
Os hospitais tidos como melhores eram na verdade, os mais maquiados. Dá para notar que aquelas belas obras não resistirão às péssimas administrações futuras e à falta de verbas para manutenção geral. Resistirão somente enquanto o ego falar alto e a placa que leva o nome do político que inaugurou a referida obra, brilhar.
Filas, abandonos, falta de compromisso com o dinheiro público, descrença na população e acima de tudo: falta de amor no coração.
Termino aqui, com péssimas referências e com uma enorme angústia só de pensar que diariamente centenas de vidas são supliciadas nos corredores de nossos hospitais públicos.
A única certeza que tenho é a de que nossos políticos estão muito poucos preocupados com toda essa situação, pois desfrutam de planos de saúde e demais benefícios que a rede privada oferece.
Acrescento ainda a essa infeliz certeza, que grande parte da população, contaminada com a mazela urbana do individualismo padrão, também pensa assim.
“É difícil viver as verdades do mundo, quando o seu coração não se sente à vontade...”
Junior
E sinceramente, quem desejaria estudar no mínimo sete anos, investir numa formação caríssima e muito disputada nas universidades públicas, se especializar e ao final de todos os esforços, receber em média R$ 1.200 mensais (sim, esse é o salário médio de um médico do SUS)?
Nossos representantes ainda fazem discursos hipócritas de que a saúde no Brasil está evoluindo e que cada vez mais o governo trabalha para melhorar. Discutem o aumento da arrecadação de impostos para a saúde, dizendo que sem esses, será impossível manter a saúde com a qualidade necessária.
Num país que divide a ponta do ranking de arrecadação tributária com países de primeiro mundo, numa nação onde se trabalha em média cinco meses do ano só para pagar impostos, é inadmissível ouvirmos certas abobrinhas.
Eu tinha de ser miserável para estar ali? Eu tinha de sofrer tanto para me enquadrar no perfil de usuário daquele sistema? As pessoas realmente tinham que reverenciar o atendimento como uma conquista ou como um verdadeiro favor, digno de lágrimas, quando este era alcançado?
Os hospitais tidos como melhores eram na verdade, os mais maquiados. Dá para notar que aquelas belas obras não resistirão às péssimas administrações futuras e à falta de verbas para manutenção geral. Resistirão somente enquanto o ego falar alto e a placa que leva o nome do político que inaugurou a referida obra, brilhar.
Filas, abandonos, falta de compromisso com o dinheiro público, descrença na população e acima de tudo: falta de amor no coração.
Termino aqui, com péssimas referências e com uma enorme angústia só de pensar que diariamente centenas de vidas são supliciadas nos corredores de nossos hospitais públicos.
A única certeza que tenho é a de que nossos políticos estão muito poucos preocupados com toda essa situação, pois desfrutam de planos de saúde e demais benefícios que a rede privada oferece.
Acrescento ainda a essa infeliz certeza, que grande parte da população, contaminada com a mazela urbana do individualismo padrão, também pensa assim.
“É difícil viver as verdades do mundo, quando o seu coração não se sente à vontade...”
Junior