quarta-feira, julho 30, 2008

A triste realidade da Saúde Pública e sua politicagem (um relato sobre uma experiência nada agradável e previsível)





Bom, o que vou relatar aqui não é nenhuma novidade.
Quando falamos de serviços públicos no Brasil, realmente o assunto parece ser mais do que prolixo. E triste.
O fato é que dessa vez eu senti na pele (e não foi naquele programa de tevê que procura ganhar audiência relatando essas tristezas, não). Decidi fazer uso do sistema público de saúde para saber como funcionava na realidade aquele serviço que todos nós, cidadãos, pagamos através de nossos impostos.
Iniciei essa minha experiência com dois fatores relevantes e favoráveis. Primeiramente, o fato de ser ano eleitoral. Estamos praticamente nas vésperas das eleições municipais em todo país, e como todo mundo sabe nessas épocas tudo funciona em plena harmonia – pelo menos é o que se espera. Segundo, por conhecer uma pessoa que trabalha no mencionado sistema e juntamente dela, começar a “jornada”.
Agora, some esses dois fatores e entenda o porquê de ter mencionado o termo politicagem.
Responda-me: como uma prefeitura pode ter em seu quadro de funcionários, um percentual tão elevado de analfabetos? Infelizmente essa realidade reflete outra verdade degradante que é o analfabetismo e a péssima formação educacional de um povo dependente da rede pública de ensino. E só para fecharmos o raciocínio, informo-lhes que esse meu “conhecido” não possui nem o ensino médio concluído, mas ainda assim ocupa um cargo de confiança: a chefia de um setor (que por questões éticas não vou revelar) do hospital municípal.
Nada contra a pessoa dele. Por sinal, uma pessoa muito prestativa que está apenas, pode-se dizer, “fazendo seu trabalho”. Mas jamais poderia deixar de condenar essa prática que na prática (isso mesmo, para ser bem redundante e relevante) retira a chance de pessoas especializadas que depositaram anos e anos de estudos, na esperança de um dia ocupar um cargo público e consequentemente prestar um serviço de maior qualidade à população. Pensei comigo mesmo: essa situação está agora em minhas retinas pelo fator de conhecer uma “peça” que nesse momento está compondo o sistema. Anteriormente, o sistema sempre funcionava desta forma. O que muda de uma eleição a outra, de uma administração a outra, são somente as “peças”. Esse é o sistema.
Inicialmente me senti sujo. Não porque estava me utilizando dos serviços públicos (afinal de contas, como já dito anteriormente, todos nós cidadãos fazemos jus aos mesmos – quando pagamos pelos serviços particulares, estamos pagando duas vezes), mas sim pelo fato de estar, de certa forma, burlando, sendo desonesto e antiético.
Vou explicar.
O fato é que estou com um “cisto sinovial” no meu punho esquerdo. Trata-se de um acúmulo do líquido que lubrifica as articulações, formando uma espécie de “bolinha” ou "caroço", como queira. Nada muito sério, tampouco doloroso. Mais para o lado estético do que clínico, na minha leiga visão. Mas não importa. A verdade é que se trata de algo clínico sim, que futuramente pode vir a causar algum tipo de lesão maior. Para os mais curiosos, digitem a palavra no “google” e saberão do que estou falando.
Quando disse que me sentia como um fraudolento, foi porque funcionava mais ou menos assim: eu chegava junto com a pessoa do sistema e pedia para me consultar. O funcionário então me cadastrava e me entregava um número. O local já estava lotado de pessoas – que no mínimo estavam desde muito cedo nas filas ou então estavam retornando após um espaço longínquo de tempo desde a última marcação da consulta. Mas após a identificação dessa pessoa do sistema, o funcionário tratava de arrumar um “jeitinho” de me encaixar num número mais próximo ou então fazia uma ligação e eu ia DIRETO para ocupar o lugar de próximo na fila de atendimento. Me doeu o coração. Mas eu precisava ir até o final com essa triste experiência conclusiva.
Me consultei. Não durou nem dois minutos. O médico só anotou meus dados e perguntou o que tinha. Olhou e falou que aquilo “não era com ele”, mas sim caso de ortopedia e então me encaminhou para aquela especialidade. Especialidade essa, que descobri quando fui solicitar a nova marcação, após a consulta "expressa", não mais ser atendida naquele hospital e somente num outro totalmente distante que conforme informações da própria atendente, estava sobrecarregado de marcações, sendo essas efetuadas como pagamento de prestações nas Casas Bahia: à perder de vista.
Eis que novamente entra em cena quem? Adivinhem.
Sim, ele: o famigerado “Qi” (quem indica), membro honorário de todas as repartições públicas de nosso país e já aposentado Ser dos cérebros de quem ocupa as cadeiras que nossos impostos sustentam (abro aqui um parêntese para reconhecer sim, a inteligência desses seres, porém única e exclusivamente usada em benefícios próprios).
Então, entre uma ligação e outra a consulta foi marcada. Porém, dessa vez, para uma semana depois. Imaginem só como não estava realmente crítica a situação, ao ponto de que até mesmo para os “dotados de privilégios” era necessário esperar.
Uma semana depois, no local de difícil acesso - única unidade do município a atender a especialidade de ortopedia - e horário marcado, lá estava eu.
Nesse dia fui sozinho e então aguardei algumas pessoas que estavam com números na minha frente (foi menos doloroso para minha consciência) para ser atendido.
Enquanto aguardava, mais uma conclusão: os médicos da rede pública são muito bons ou fazem curso com aquele personagem dos quadrinhos, o “The Flash”. Em menos de dez minutos vi três pessoas na minha frente serem atendidas. Sabia que coisa boa não poderia esperar. E assim foi.
Quando entrei, logo após o "bom dia" que dei ao médico, começou o procedimento padrão de anotar os dados – essa era a parte que mais demorava na consulta. Quando ele me perguntou "o que você tem?”, mostrei-lhe meu punho dizendo que havido sido encaminhado a ele por um clínico que afirmava ser um cisto sinovial. Perguntou-me se doía. Foi aí que constatei outra máxima do sistema público de saúde e ao mesmo tempo, meu maior “erro”. Disse-lhe que não. Automaticamente a cara dele pareceu me questionar: então o que você está fazendo aqui? Foi quando ele afirmou que não era nada sério não e que essas “coisas” normalmente, “com o tempo” estouravam naturalmente e então tudo voltava ao normal. Ou seja, em outras palavras ele quis me dizer que meu caso não era nada que pudesse me matar, portanto não teria o “direito” ou necessidade de me tratar, a não ser que estivesse ali, sem os movimentos da mão ou gritando de dor. Essa era a verdade.
Só para não dizer literalmente para mim tudo o que seu olhar desejava (e creio, por notar que eu não era um total leigo, pois questionei se realmente seria de fato aquilo), por fim ele me entregou a solicitação de um raio-x para ver melhor do que se tratava.
Raio-x esse, que eu já havia tirado antecipadamente (no mesmo dia da primeira consulta, já prevendo que seria solicitado futuramente) com a “ajuda” do já conhecido funcionário e que a técnica ao término do mesmo, me mostrou, apontando e explicando que nada relativo aos movimentos da mão havia sido afetado, que era caso de uma pequena cirurgia para a retirada do mesmo. A boa vontade dela (somada ao interesse de atender bem quem era conhecido do influente funcionário, braço direito da prefeita) me deu um laudo simples, porém coerente.
Resumo da ópera: encerrei naquele consultório minha jornada pelo mar das sujas e degradantes politicagens que assolam os serviços públicos brasileiros (nesse caso, a saúde) e não consegui resolver o meu problema clínico.
O que farei?
Pegarei o raio-x e vou procurar a rede de serviços privados para conseguir ser atendido. Afinal de contas, lá estou pagando.
Mas agora lhe pergunto: e na rede pública, eu também não estou pagando?
Pois é... O Brasil e seus paradigmas paradoxais.



Os “pequenos grandes” detalhes que observei durante essa experiência deixei para relatar agora no final. Pois é impossível não se indignar com toda a situação a qual são submetidas todas as pessoas que não possuem condições alternativas ao péssimo e desumano sistema de saúde pública.
Posso dizer que essa situação ocorre em todo o Rio e Brasil de forma geral. Só que numa escala muitíssima pior. Eu só estive na mais fina camada de toda imunda e asquerosa sujeira.
Imagine os casos de desvios de verbas públicas destinadas à saúde, compra de remédios, equipamentos e manutenção dos mesmos, pagamentos e contratação de novos médicos, etc. É desumano.
E sinceramente, quem desejaria estudar no mínimo sete anos, investir numa formação caríssima e muito disputada nas universidades públicas, se especializar e ao final de todos os esforços, receber em média R$ 1.200 mensais (sim, esse é o salário médio de um médico do SUS)?
Nossos representantes ainda fazem discursos hipócritas de que a saúde no Brasil está evoluindo e que cada vez mais o governo trabalha para melhorar. Discutem o aumento da arrecadação de impostos para a saúde, dizendo que sem esses, será impossível manter a saúde com a qualidade necessária.
Num país que divide a ponta do ranking de arrecadação tributária com países de primeiro mundo, numa nação onde se trabalha em média cinco meses do ano só para pagar impostos, é inadmissível ouvirmos certas abobrinhas.
Eu tinha de ser miserável para estar ali? Eu tinha de sofrer tanto para me enquadrar no perfil de usuário daquele sistema? As pessoas realmente tinham que reverenciar o atendimento como uma conquista ou como um verdadeiro favor, digno de lágrimas, quando este era alcançado?
Os hospitais tidos como melhores eram na verdade, os mais maquiados. Dá para notar que aquelas belas obras não resistirão às péssimas administrações futuras e à falta de verbas para manutenção geral. Resistirão somente enquanto o ego falar alto e a placa que leva o nome do político que inaugurou a referida obra, brilhar.
Filas, abandonos, falta de compromisso com o dinheiro público, descrença na população e acima de tudo: falta de amor no coração.
Termino aqui, com péssimas referências e com uma enorme angústia só de pensar que diariamente centenas de vidas são supliciadas nos corredores de nossos hospitais públicos.
A única certeza que tenho é a de que nossos políticos estão muito poucos preocupados com toda essa situação, pois desfrutam de planos de saúde e demais benefícios que a rede privada oferece.
Acrescento ainda a essa infeliz certeza, que grande parte da população, contaminada com a mazela urbana do individualismo padrão, também pensa assim.

“É difícil viver as verdades do mundo, quando o seu coração não se sente à vontade...”

Junior

terça-feira, julho 15, 2008

Brasil! Mostra tua cara

A cara da IMPUNIDADE:
PRESIDENTE DO STF, GILMAR MENDES

Na luta incansável contra a impunidade, reinante nesse país e geradora de grande parte das mazelas que assolam a nação, meu amigo Tico mais uma vez relatou muito bem em seu blog toda essa sujeira. Transcrevo aqui para conhecimento de todos:

No último capítulo da novela das prisões da PF aparece um diálogo bem interessante onde membros da quadrilha desses salafrários de terno e gravata que roubam nosso país GARANTEM que o problema a ser resolvido é com relação a Justiça estadual pois no STF e STJ o banqueiro DANIEL DANTAS tem influência política que favorece seus interesses. Nesse diálogo é oferecido ao Delegado que investiga o caso 1 milhão de dólares (do dinheiro de todos nós). Sabemos que isso é só a ponta do iceberg.


Dá para entender agora a DECISÃO DO PRESIDENTE DO STF, Sr. GILMAR MENDES?



Dá para entender agora o porquê de o CARO MINISTRO ameaçar investigar o juiz que proferiu o pedido de prisão do BANQUEIRO?

Meus amigos.
A impunidade que IMPERA nesse país não pode passar despercebida como se não fosse problema nosso. Quando fraudam os cofres públicos o reflexo se dá diretamente no cotidiano da população. Enquanto nossos parlamentares praticam crimes garantidos por uma justiça que lhes concede imunidade e crimes prescrevem por “falta de tempo” de nossas autoridades jurídicas, crianças são assassinadas nas ruas, guerras são travadas nas grandes cidades, médicos, professores, servidores públicos importantes são jogados as traças para que nós privilegiemos os salários absurdos de POLÍTICOS e autoridades que legislam em causa própria e ainda tem CORAGEM de desafiar publicamente a sociedade. Eles contam com a apatia do povo que se esmera para conseguir pagar as contas e dedica o tempo livre a esquecer o que de mal lhes aflige ao longo de toda semana. Eles conhecem o GADO que estão criando faz tempo. Eles identificam uma classe intelectual que cansou de lutar e uma classe artística preocupada somente com seus brilhantes umbigos.

Porém a internet é uma arma que podemos usar para divulgar informações, trocar conhecimentos e obviamente levar ao maior número de pessoas o ROSTO da IMPUNIDADE.

Tudo bem que o código penal pode ser interpretado de diversas formas tendendo sempre a capacidade de bons juristas em analisar os processos e trabalhar para defender o interesse de seus poderosos clientes.

MAS SERÁ QUE ALGUMA AUTORIDADE PODE INTERPRETAR A FAVOR DO POVO?

É pedir muito que nossos Ministros do STF, STJ entre outros que tem poder para acabar com essa avacalhação com dinheiro público, que intervenham a favor dos interesses da nação?

Quem não está a nosso favor, está contra nós.
Então QUE TODOS TOMEM CONHECIMENTO DE SEUS CÓRNEOS, pois são esses homens que nos jogam uns contra os outros, que alimentam esse sistema falido que assassina milhares de pessoas todos os dias. Que manda para a cova trabalhadores, jovens, negros, brancos, índios, gente de todas as raças, crenças e classes com exceção obviamente da CLASSE QUE GARANTE salários paralelos.

ISSO É COVARDIA e quem se omite também é COVARDE.

Não tenho vocação para otário.




PELO FIM DA IMPUNIDADE.

FORA GILMAR MENDES.

Temos que começar a limpar do TOPO e descer o rodo em todo o resto é muita sujeira.
Gerações inteiras terão de dormir com o fedor desse lixo.



Preparem-se...
NÓS VAMOS INVADIR BRASÍLIA!!!
Voluntários da Pátria em Ação!
PELO FIM DA IMPUNIDADE!!!!
Junior

quarta-feira, julho 09, 2008

Angústia

Vivemos numa sociedade covarde, hipócrita e corrupta.
Estamos pagando o preço por anos e anos de omissões coletivas e falta de investimentos e comprometimento com os serviços básicos de uma sociedade.
Esse é o país que sobrevive sem as referências mínimas esperadas por uma carga tributária gigantesca que enche os cofres públicos. Pagamos impostos de primeiro mundo e recebemos serviços de terceiro. Em troca, esse mesmo país comemora os aumentos dados aos benefícios assistencialistas que só mantém a miséria no seu devido lugar, sem expectativa alguma de real mudança.




Sobrevivência. Essa é a palavra que define o Brasil.
Sobreviver à guerra urbana, sobreviver ao desemprego e a todas as demais mazelas que nos rodeiam diariamente.
O monstro da impunidade alimenta severamente a carnívora violência com os corpos das vítimas dessa guerra sem fim.
Como pode uma esfera penal estar falida? Sim, a esfera penal brasileira está falida. Tanto o código penal, como o de processo penal, são falhos e não traduzem o clamor por justiça que cada vez mais é entoado pela sociedade. O descrédito por tudo que é público é absurdamente crescente nesse país de riquezas inúmeras.
Nossos políticos só representam seus interesses pessoais e hoje em dia, o “bom” político é aquele que rouba, mas “pelo menos” faz.










Brigamos, discutimos e nos revoltamos com os galhos de todos os problemas. A educação oferecida não permite à grande massa popular ter o discernimento mínimo para pensar a fundo sobre determinadas questões e chegar às raízes de tais fatos absurdos. Isso não é interessante para os que comandam esse país. E fortifica a máxima de que “brasileiro tem memória curta”.





Estamos cegos e aleijados diante de todo o cenário brasileiro.
Nada muda. As pessoas não saem de sua zona de conforto, olham com elogios os povos de nações vizinhas que se mobilizam, que são politizados, mas não conseguem sequer ter a coragem de ir para as ruas lutar por seus direitos básicos.
Falar sobre corrupção? Repetir as inúmeras notícias que nos circundam?
Enquanto não houver mudanças revolucionárias na EDUCAÇÃO e no combate à IMPUNIDADE, posso afirmar categoricamente que NADA, ABSOLUTAMENTE NADA, mudará.








Ninguém pensa duas vezes antes de apertar o gatilho ou desviar uma verba pública...




Com profunda tristeza e angústia,

Junior


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